Por que bomba-relógio?

Muito se fala sobre a inevitabilidade de um frequência cada vez mais alta de pandemias e grandes epidemias. Além do risco de pandemias, uma ameaça de magnitude similar (se não maior) à saúde pública global é o fenômeno de resistência a antibióticos. Grande parte dos patógenos que causam problemas médicos graves - como a tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis, pneumonias, infecções urinárias e hospitalares - tornaram-se resistentes a uma ampla gama de antibióticos. Segundo a OMS “o mundo está caminhando para uma era pós-antibiótica, na qual infecções comuns poderão ser fatais”. Se nada for feito, estima-se que em 2050 cerca de 10 milhões de pessoas morrerão por ano por infecções resistente a antibióticos, mais do que câncer ou diabetes. Mas é de fato inevitável conviver com um risco cada vez maior de pandemias, epidemias, e doenças para as quais não teremos tratamento? Há algo que se possa fazer para frear o ritmo destas bombas-relógio? Esta campanha informa o leitor sobre uma das principais causas destes problemas, e o que pode ser feito.

O risco de pandemias
e epidemias

Pandemias e surtos de doenças infecciosas são como desastres naturais, contra os quais pouco se pode fazer além de nos prepararmos para o pior? Existe algo que se possa fazer para reduzir a probabilidade de que estes eventos venham a ocorrer no futuro?

Felizmente, a redução de muitos destes riscos e outros desafios à saúde global depende de nós. Muitas das pandemias e epidemias que já nos afetaram tem sua origem na contaminação de humanos por patógenos de animais silvestres usados como alimento, ou em patógenos “cultivados” em animais criados nos sistemas de produção atuais (de onde vem a maioria da carne e derivados consumidos hoje em dia). Exemplos incluem a pandemia de SARS de 2002-2003, os surtos de gripe aviária, de Ebola, a pandemia de gripe suína de 2009, e a epidemia de HIV/AIDs.

Por exemplo, nos sistemas intensivos de criação de animais, o confinamento de um grande número de animais geneticamente homogêneos e imunodeprimidos, em altas densidades, em ambientes fechados e insalubres, cria condições ideais para o desenvolvimento de altos níveis de patogenicidade. Nestes lugares, animais como porcos e galinhas atuam como hospedeiros intermediários ou mesmo como ‘amplificadores’ de vírus e bactérias que podem evoluir e se disseminar rapidamente na população humana.

Fonte: Schuck-Paim & Alonso. 2020. Pandemias, Saúde Global e Escolhas Pessoais.

A maioria das grandes epidemias e pandemias que nos afetaram no último século, e continuam nos afetando, têm origem na contaminação de humanos por patógenos de animais silvestres usados como alimentos, ou em patógenos “cultivados” em animais imunossuprimidos confinados sob altas densidades em fazendas industriais de produção de animais. Animais como galinhas, porcos e vacas atuam como hospedeiros intermediários ou mesmo como ‘amplificadores’ de vírus e bactérias que podem evoluir e se disseminar para a população humana. Os exemplos são inúmeros, e incluem a gripe suína, gripe aviária, SARS, Covid-19, e tantos outros ilustrados nesta campanha. Cabe a todos nós fazermos a nossa parte para reduzir o risco de pandemias e grandes epidemias. Considere o veganismo.⁣

Linha do tempo de pandemias e epidemias

O que os especialistas dizem

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O que pode ser feito?

Precisamos ser francos e admitir que a produção e consumo de proteína animal representa um risco para a saúde pública altíssimo. As perdas humanas e financeiras provenientes dos diversos surtos de doenças infecciosas cuja origem se remete a estas, assim como da resistência a antibióticos, fazem deste um problema social e econômico também.

Da mesma forma como exercemos a cidadania adotando as medidas necessárias para frear o avanço da pandemia de coronavírus, também devemos exercê-la com nossas carteiras nas visitas aos supermercados, e pensar nos riscos que nossas decisões de compra e alimentação hoje representam para gerações futuras.

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