Mortes por infecções resistentes antibióticos

Mortes por infecções resistentes a antiobióticos e outras causas em 2050

Infecções resistentes a antibióticos
Câncer
Diabetes
Diarreia
Acidentes de trânsito
Sarampo
Cólera
Tétano
10 m
8.2 m
1.5 m
1.4 m
1.2 m
130.000
120.000
60.000

Fonte: Review on Antimicrobial Resistance

Volume de antibióticos utilizados

Mais de 70% dos antibióticos vendidos no mundo são usados em animais de produção, como porcos, galinhas e peixes.

Fonte: Review on Antimicrobial Resistance. Reino Unido. https://amr-review.org/; Van Boeckel et al 2015. Global trends in antimicrobial use in food animals. PNAS 112 (18) 5649-5654.

Transmissão

Bacterias, incluindo as que são resistentes a antiobióticos, podem ser transmitidas da produção de animais de consumo para humanos através da alimentação.

Silva et al. First Characterization of CTX-M-15-Producing Escherichia coli Strains Belonging to Sequence Type (ST) 410, ST224, and ST1284 from Commercial Swine in South America. Antimicrob Agents Chemother. 2016;60: 2505–2508 Casella et al. Detection of blaCTX-M-type genes in complex class 1 integrons carried by Enterobacteriaceae isolated from retail chicken meat in Brazil. Int J Food Microbiol. 2015;197: 88–91.

Evolução da alta patogenicidade na produção
de animais para consumo

Os sistemas atuais de criação de animais reúnem muitas das condições ideais para o surgimento de cepas virais altamente patogênicas.

Primeiro, o confinamento de um grande número de animais em altas densidades, como é típico atualmente, facilita a transmissão de várias cepas de vírus de animal para animal, e a consequente mistura e recombinação do seu material genético.

Segundo, nestes sistemas os animais são muito suscetíveis à infecção, permitindo aos patógenos se multiplicar rapidamente. Por exemplo, a baixa qualidade do ar típica das fazendas industriais, com altos níveis de amônia e poeira fecal, prejudica a função respiratória dos animais e suas primeiras barreiras de defesa contra infecções.

Além disso, a imunossupressão causada pelo estresse crônico a que estes animais estão submetidos faz com que eles percam parte da resposta imunológica que os protege contra infecções.

Finalmente, vírus que se tornam tão patogênicos a ponto de matar seus hospedeiros não são eliminados: dada a alta densidade de animais e a proximidade entre eles, animais muito doentes ou mesmo mortos ainda podem transmitir o vírus a outros animais.

Além disso, o fato de que animais em confinamento raramente estão expostos a luz do sol aumenta a sobrevivência dos vírus nestes sistemas (pois muitos tipos de vírus são neutralizados pela luz do sol e calor).

Fonte: Dr. Michael Greger The human/animal interface: emergence and resurgence of zoonotic infectious diseases. Crit. Rev. Microbiol., 2007

O risco de pandemias
e epidemias

Pandemias e surtos de doenças infecciosas são como desastres naturais, contra os quais pouco se pode fazer além de nos prepararmos para o pior? Existe algo que se possa fazer para reduzir a probabilidade de que estes eventos venham a ocorrer no futuro?

Felizmente, a redução de muitos destes riscos e outros desafios à saúde global depende de nós. Muitas das pandemias e epidemias que já nos afetaram tem sua origem na contaminação de humanos por patógenos de animais silvestres usados como alimento, ou em patógenos “cultivados” em animais criados nos sistemas de produção atuais (de onde vem a maioria da carne e derivados consumidos hoje em dia). Exemplos incluem a pandemia de SARS de 2002-2003, os surtos de gripe aviária, de Ebola, a pandemia de gripe suína de 2009, e a epidemia de HIV/AIDs.

Por exemplo, nos sistemas intensivos de criação de animais, o confinamento de um grande número de animais geneticamente homogêneos e imunodeprimidos, em altas densidades, em ambientes fechados e insalubres, cria condições ideais para o desenvolvimento de altos níveis de patogenicidade. Nestes lugares, animais como porcos e galinhas atuam como hospedeiros intermediários ou mesmo como ‘amplificadores’ de vírus e bactérias que podem evoluir e se disseminar rapidamente na população humana.

Fonte: Schuck-Paim & Alonso. 2020. Pandemias, Saúde Global e Escolhas Pessoais.

Para saber mais: Revisões Acadêmicas e Técnicas

Pandemias e Epidemias

  • Dhingra et al 2018. Geographical and Historical Patterns in the Emergences of Novel Highly Pathogenic Avian Influenza (HPAI) H5 and H7 Viruses in Poultry. Front. Vet. Sci., 05.

  • Greger 2007. The human/animal interface: emergence and resurgence of zoonotic infectious diseases. Crit Rev Microbiol. 33: 243–299

  • Reperant et al. 2013. The importance of understanding the human-animal interface: from early hominins to global citizens. Curr Top Microbiol Immunol. 365: 49–81.

  • Greger M. 2007. The long haul: risks associated with livestock transport. Biosecur Bioterror. 5: 301–311.

  • Ma et al 2008. The pig as a mixing vessel for influenza viruses: Human and veterinary implications. J Mol Genet Med. 3: 158–166.

  • Saenz et al 2006. Confined animal feeding operations as amplifiers of influenza. Vector Borne Zoonotic Dis. 6: 338–346.

  • Karesh et al. 2012. Ecology of zoonoses: natural and unnatural histories. Lancet. 380: 1936–1945.

  • Trovão and Nelson 2020. When Pigs Fly: Pandemic influenza enters the 21st century. PLoS Pathog 16(3): e1008259

Resistência a Antibióticos

  • Rabello et al 2020. Antimicrobial Resistance in Farm Animals in Brazil: An Update Overview. Animals 10:552

  • Van Boeckel et al. 2019. Global trends in antimicrobial resistance in animals in low- and middle-income countries. Science. 365.

  • Reardon S. Resistance to last-ditch antibiotic has spread farther than anticipated. Nature News 2017.

  • Marshall et al. Food animals and antimicrobials: impacts on human health. Clin Microbiol Rev. 2011;24: 718–733.