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Publicado: 20 Julho 2020
Brasil produz mais de 250 milhões de toneladas de grãos como soja e feijão, sendo considerado um grande fornecedor de matéria prima vegetal.
A busca por uma alimentação mais saudável e equilibrada tem acelerado o crescimento das proteínas alternativas. O movimento é impulsionado pelo público conhecido como ‘flexitariano”. Este novo perfil de consumidor é mais consciente e consome menos produtos de origem animal por causa da preocupação com a saúde. O cenário já havia sido antecipado por uma pesquisa do Good Food Institute (GFI). O material divulgado em 2018 revelou que cerca de 60% dos entrevistados apontaram a preocupação com a saúde como o fator decisivo na redução do consumo de proteína animal. O número sobe para 70% quando restrições médicas como alergias e intolerâncias também são consideradas.
A perspectiva do ponto de vista de negócios é promissora. De acordo com a UBS investments, o crescimento de alternativas à proteína animal deverá aumentar para US$ 85 bilhões até 2030. O estudo mostra ainda que o segmento à base de plantas está preparado para o crescimento contínuo. No Brasil, a facilidade e a grande oferta de grãos e matérias primas como soja, feijão e grão de bico e coco contribuem ainda mais para o cenário positivo. Essas fontes são as opções que estão começando a se firmar no mercado e a gerar bons resultados.
A tendência segue pelo mesmo caminho no exterior. Em países como os Estados Unidos, um estudo recente da DuPont Nutrition & Health constatou que 52% dos consumidores norte-americanos estão ingerindo mais alimentos à base de plantas e acreditam que isso os faz sentir-se mais saudáveis.
Hambúrguer vegetal
De volta ao Brasil, o relatório do GFI afirma que o cenário favorável possibilitou o estabelecimento da Fazenda Futuro, em maio de 2019. A empresa iniciou suas atividades com o lançamento do Futuro Burger, comercializando mais de dois milhões de unidades, em apenas seis meses. Logo na sequência, carne moída e almôndega vegetais foram adicionadas ao portfólio de produtos, abrindo espaço para uma parceria com a rede de restaurantes de ‘fast food’ italiano, Spoletto.
A Fazenda do Futuro também desenvolveu uma linguiça vegetal sabor pernil, a primeira linguiça feita de plantas a chegar no mercado nacional e ser reconhecida como um análogo. Ainda em julho do ano passado, a startup recebeu investimento e foi avaliada em 100 milhões de dólares pela Monashees, uma consultoria de investimentos respeitada.
O aporte permitiu com que a empresa expandisse suas operações e passasse a exportar seus produtos para Uruguai, Paraguai e Chile. A partir deste ano, os produtos da Fazenda Futuro também passaram a ser disponibilizados na Holanda, Alemanha, Reino Unido e Arábia Saudita. Espera-se que as exportações tragam um retorno de 40 milhões de euros nos próximos dois anos.
Proteína do grão-de-bico e de algas
O ingrediente possui grande potencial. Quando isolado, oferece sabor e perfil nutricionalsemelhantes aos do leite e iogurte de vaca. Além de fonte em isolados para produtos similares aos de origem animal, o grão de bico também é popular em itens à base de cereais. Massas feitas tradicionalmente com trigo, milho e arroz, utilizam o grão de bico, uma das fontes de proteína mais eficientes e sustentáveis do planeta.
As algas, por sua vez, também estão na crista dessa onda de novas tendências em proteínas veganas. Além dos muitos benefícios nutricionais, ajudam a melhorar a saúde cognitiva, o sistema nervoso, a pele, aumentar a energia e o metabolismo, além de favorecer o desenvolvimento das crianças.
Artigo publicado no site da FiSA (Food Ingredients South America)